O Papa Francisco quando ainda era só o cardeal argentino
Jorge Mario Bergoglio sempre ia para o trabalho de metrô.
Recentemente acompanhei uma entrevista de um cientista
social e ele lembrou com muita propriedade que o transporte de massa no Brasil
é ineficiente e caro desde o Governo Juscelino Kubitschek nos anos cinqüenta do
século passado. Sempre fui um entusiasta do transporte público de qualidade, sempre uso ônibus, quando o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito Papa Francisco no início deste ano, uma das primeiras informações sobre ele que conquistou minha simpatia foi o fato de que ele usava o metrô de Buenos Aires para ir de sua residência ao seu local de trabalho.
Para mim o transporte urbano, desde que com qualidade, é simplesmente uma das coisas mais racionais do mundo. Pagar um valor justo para ir para qualquer lugar, chegar lá com tranqüilidade e poder voltar sem problemas e a preocupação de ter que dirigir deveria ser a coisa mais comum no dia a dia das pessoas.
O interesse dos proprietários do transporte por tração animal
foi o principal empecilho durante anos para que uma cidade
como Nova York modernizasse seu sistema de transporte
urbano de massa.
A história do aperfeiçoamento do transporte de massas, que
também e principalmente é parte da conquista da qualidade de vida pela
população, não só do Brasil, mas também á nível mundial, nunca foi tranqüila.
Em Nova York no final do século XIX, mesmo com a tecnologia do transporte
urbano com uso da energia elétrica já aprovada em outras cidades dos EUA, a resistência
dos empresários que controlavam o transporte urbano por tração animal retardou
e por muitos anos a implantação de um sistema moderno e mais eficaz na cidade.
Como usuário eventual dos ônibus em uma cidade como
Campinas, uma metrópole, posso afirmar com toda segurança que o
descontentamento da população que usa o transporte urbano, principalmente para
ir trabalhar dentre tantas outras atividades é muito grande. Uma viagem para o
trabalho em Campinas pode durar até uma hora e meia para ida e outra uma hora e
meia para vinda. Ora, em um dia de vinte quatro horas, menos três, teremos um
dia de apenas vinte e uma horas para estas pessoas. Isso traz graves problemas
para o usuário, que inevitavelmente fica mais estressado, com menos disposição
para o trabalho e conseqüentemente sua atividade se torna menos produtivo. Em
conversa com empresários dirigentes do Centro das Industrias do Estado de São
Paulo, a CIESPE, de Campinas a pouco mais de um ano, ouvi críticas muito
incisivas deles feitas a seus colegas do setor de transportes urbanos e também
aos gestores do poder público da área de transporte exatamente porque em
decorrência desse sistema ser ineficiente muitos problemas com trabalhadores
estressados acontecem nas empresas trazendo prejuízos.
Isso significa que a política de transportes públicos no
Brasil já está mais que na hora de passar por profundas mudanças que deveriam
levar em consideração, principalmente a necessidade das comunidades que fazem
uso desse sistema de transporte a partir do uso das vias públicas de forma
racional. Vejam por exemplo, no bairro onde eu resido temos duas linhas de
ônibus que podem ser usadas porque o bairro fica praticamente no meio do
caminho até a periferia e já faz mais de vinte anos que o poder público sabe
que seria muito melhor se as duas linhas tivessem horários intercalados em até
mesmo pouquíssimos cinco minutos de diferença para que as pessoas como eu que
ficam no meio do caminho pudessem ter acesso ao transporte em espaço de tempo
menor e com veículos menos lotados, porém, apesar das inúmeras reclamações
esta adaptação nunca aconteceu. Nos horários de pico os condutores de uma das
linhas, que são perueiros ficam disputando verdadeiras corridas para pegar
passageiros com os ônibus das empresas da outra linha.
Em meio a esta realidade, com a melhora das condições sócio-econômica
da classe trabalhadora no Brasil nos últimos dez anos é cada vez mais inevitável
que as pessoas vão chegar aos seus limites de tolerância com a situação
colocada, isso significa que se o poder público não levar em conta a
necessidade de se impor sobre o interesse de setores empresariais, que podem
ser poderosos economicamente, mas são uma minoria, como parte do empresariado, continuaremos
a ter uma situação social cada vez mais deteriorada em relação ao uso do
transporte coletivo e o conseqüente o descontentamento crescente será
inevitável.
É importante refletir que o crescente descontentamento com a
baixa qualidade e o custo da tarifa do transporte urbano já esta tendo como
conseqüência a mobilização de uma parcela de um setor da população, os jovens.
Com manifestações que tiveram desfecho violento, principalmente em São Paulo e
no Rio de Janeiro. Isto deve servir de alerta de que a sociedade anseia por
medidas que vão de encontro as suas necessidades básicas diárias, dentre as
quais uma das principais é, sem sombra de dúvidas, o transporte urbano de massa.
Flávio Luiz Sartori
É isso mesmo nobre amigo! O povo brasileiro acordou e está mostrando sua cara! Apontando outra polêmica, conjuntamente e oportunamente sobre a questão dos BILHÕES em dinheiro PÚBLICO, claramente desviados em obras superfaturadas de estádios que servirão apenas para copa do mundo e já em 2014 serão tidos como "elefantes brancos", deveriam ter sido investidos em saúde, educação e segurança!
ResponderExcluirÉ falcatrua pura, despudorada! Que daqui em diante, o povo lute, grite, manifeste e deixe de ser tolo, deixe de esperar o acontecimento e liberte o sentimento de honra e probidade!