Em 1998 pesquisas manipuladas praticamente tiraram Marta Suplicy
do Segundo Turno em São Paulo.
Mesmo depois de diversas denuncias, dentre elas deste
blogueiro, o Datafolha cada vez mais usa diferentes artifícios para produzir
resultados que satisfaçam os setores da sociedade que a Folha representa.
Em relação a esta ultima pesquisa o que observamos é o de
sempre.
Nesse sentido, para contrapor a constante manipulação, mais
uma vez recorremos aos números oficiais do Tribunal Superior Eleitoral, o TSE, mesmo
levando em consideração que suas atualizações referentes a estratificação do
eleitorado brasileiro ainda não acontecem de maneira rápida, porém ainda são a
melhor referência em relação ao perfil social dos brasileiros na faixa etária a
partir dos 16 anos de idade.
De acordo com os números do TSE, atualizados até Agosto de
2013, o eleitorado brasileiro está dividido em relação a sua escolaridade da
seguinte maneira:
- 5,5% dos eleitores são analfabetos;
- 51,39% dos eleitores conseguiram cursar somente até o
Ensino Fundamental, sendo que 12,8% apenas lêem e escrevem, 31,3% não
completaram e apenas 7,3% completaram;
- 34,9% dos eleitores conseguiram cursar até o Ensino Médio,
sendo que 19,5% não completaram e 15,4% completaram;
- 8,2% dos eleitores conseguiram cursar até o Ensino
Superior, sendo que 3,3% não completaram e 4,9% completaram;
O Datafolha de sábado, 12 de Outubro, utilizou a seguinte
amostragem nas suas cotas de entrevistados por escolaridade em números arredondados
do total de 2.517 entrevistas:
- 988 entrevistas, 39,3% da amostragem, com pessoas com
escolaridade até o Ensino Fundamental não terminado e concluído;
- 1.129 entrevistas, 44,8% da amostragem, com pessoas com
escolaridade até o Ensino Médio não terminado e concluído;
- 400 entrevistas, 15,9% da amostragem, com pessoas com
escolaridade até o Ensino Superior não terminado e concluído;
Repetindo, mesmo que os números do TSE sejam atualizados
sempre de maneira mais vagarosa, comparando eles com a amostragem dos
entrevistados, por exemplo, no estrato Ensino Médio, na cota de entrevistas
utilizada pelo Datafolha temos uma diferença de praticamente 10 pontos a mais
para a amostragem do Datafolha em relação ao número do TSE, 34,9%, e os números
usados pelo Datafolha, 44,8%, de entrevistados.
Por outro lado, em relação aos números da cota de
entrevistados com escolaridade até o Ensino Fundamental utilizada pelo Datafolha
temos uma cota de 39,3% de toda a amostra enquanto que os números do TSE
apontam que são 51,39% os eleitores que cursaram até o nível do Ensino
Fundamental, isso representa uma diferença de aproximadamente 12 pontos a
menos. Se incluirmos nesses 12 pontos mais 5,5 referentes aos Analfabetos que não
constam na amostragem do Datafolha o resultado será um total de 17,5 pontos de
defasagem, portanto quase que a metade da cota de 39,3% da amostragem usada
pelo Datafolha.
Esses números certamente favorecem o calculo das intenções
de votos, principalmente para Eduardo Campos e para Marina Silva e também em
menor escala para Aécio e Serra em detrimento da candidatura de Dilma Roussef.
Isso pode ser facilmente constatado no relatório da
pesquisa.
As pesquisas realizadas no período que antecede o processo
eleitoral são fundamentais para a articulação dos apoios políticos, além de
influenciarem sempre uma parcela da opinião pública que pode ser decisiva. No
Brasil os resultados enviesados e manipulados já mudaram o curso da história. Quem
não se lembra da manipulação do Datafolha que tirou Marta Suplicy do segundo
turno da eleição pata o Governo de São Paulo em 1998?
Na realidade temos que ter claro em todo momento que estes
resultados de pesquisas fabricados pela mídia apoiadora da oposição não podem
servir de parâmetro exato para nossas análises, mas como eles sempre
influenciam uma parte ainda significativa do eleitorado, cabe a nós esclarecer
a opinião pública mostrando como são feitas as manipulações.
De uma forma geral, os operadores do marketing político,
geralmente insistem muito em ficar no circulo restrito de algumas empresas que
dominam o mercado das pesquisas, sem abrir espaços a novas possibilidades no
mercado, assim ficam reféns do lugar comum e acabam perdendo a oportunidade de
atingir resultados melhores.
Flávio Luiz Sartori