terça-feira, 20 de maio de 2014

SINDICATOS COMANDADOS POR PELEGOS QUE SE RECUSAM A DEIXAR O PODER ESTÃO CADA VEZ MENOS REPRESENTATIVOS E SENDO SUBSTITUÍDOS POR LIDERANÇAS ESPONTÂNEAS.



Motoristas cruzam os braços em São Paulo sem apoio do
sindicato da categoria.

Na semana passada os motoristas e cobradores de ônibus do município do Rio de Janeiro fizeram dois dias de greve, foi um movimento não encampado pelo sindicato da categoria, que já tinha negociado com os proprietários das empresas de ônibus e inclusive aprovado em assembléia um índice de aumento que uma parte significativa da categoria não aceitou e resolveu se organizar em uma greve paralela utilizando-se de de piquetes, fechamento de vias de acesso, terminais e garagens.

Esta situação também se repetiu ontem, 20/05, em São Paulo, depois que uma parte dos trabalhadores não concordou com o acordo firmado entre trabalhadores e patrões e partiu para uma paralisação organizada em um movimento espontâneo paralelo, que acabou por causar um verdadeiro caos no município.

Em ambas situações as autoridades municipais foram “pegas” de surpresa.

A alguns anos atrás acompanhei uma eleição para o sindicato dos condutores em Campinas, a oposição estava muito bem organizada, só era possível ver a campanha eleitoral deles na rua, não aparecia nada da situação, tudo parecia indicar no sentido de que a oposição seria vitoriosa. Depois fiquei sabendo pelos motoristas e cobradores da chapa de oposição que nos dias da eleição apareceu motorista e até mesmo pessoas se dizendo motoristas, que eles nem sabiam que existiam. Resultado a situação saiu vencedora. Os membros da oposição denunciaram aquilo que seria a fraude, mas não aconteceu nada, a tempos que a imprensa faz o jogo dos proprietários das empresas de ônibus.

As oposições sindicais se organizam e vencem as eleições, porém não levam, porque são “derrotadas” por arranjos ilegais, assim pelegos que  não representam  mais a totalidade da base dos sindicatos que comandam, permanecem negociando em nome de uma categoria de trabalhadores, que na realidade querem ver eles pelas costas a muito tempo.

É exatamente isso que esta acontecendo com os sindicatos dos  condutores de São Paulo e do Rio de Janeiro.

As manifestações de junho e julho do ano passado mostraram que significativos setores da sociedade brasileira estão cada vez mais descrentes em governos, instituições e representações sociais no Brasil. Nesse quatro, os sindicatos também estão inseridos, principalmente aqueles comandados por pelegos que perderam o rumo da história e teimosamente, de forma oportunista se negam a deixar o poder.

A perda de controle sobre a base sindical por parte dos pretensos dirigentes dos sindicatos dos condutores em São Paulo e no Rio de Janeiro é um sintoma desse novo momento que a sociedade brasileira vive.

Cansados de serem traídos e passados para trás os motoristas e cobradores estão partindo para tentarem fazer valer seus direitos com “suas próprias mãos”. Simplesmente ignoraram o papel histórico e institucional de seus sindicados porque estes já a muito tempo não representam nada para eles.


As autoridades públicas, principalmente na esfera municipal, terão que se adaptar a nova realidade e passar a buscar interlocução junto a estes novos líderes, caso contrário, continuaram sendo pegas de surpresa por movimentos espontâneas que são decorrentes  da frustração de trabalhadores que, cada vez mais perdem a confiança em seus sindicatos. 


Flávio Luiz Sartori

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